domingo, 29 de novembro de 2009

Três apitos

Quando o apito
Da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos,
Eu me lembrode você.
Mas você anda,
Sem dúvida,bem zangado
E está mesmo interessado Em fingir que não vê.
Você que atende ao apito
De uma chaminé de barro
Por que não atende ao grito,
Tão aflito,
Da buzina do meu carro?
Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho,
Não faz fé com agassalho,
Nem no frio você crê.
Mas você é mesmo
Artigo que não se imita,
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você.
Nos meus olhos você lê
Que não sofro cruelmente
Com ciúmes da gerente
impertinente,
Que dá ordens a você.
Sou do sereno,
Poeta muito soturno,
E você sabe por quê.
Mas você não sabe
Que,enquanto você faz pano,
Faço junto do piano
Estes versos pra você.

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